Water Sensitive Urban Design id
Water Sensitive Urban Design
M. Leonor Gomes Ferreira- 20794 | Instituto Superior de Agronomia | Ordenamento do Território | Professor Pedro Arsénio
«Blue Infrastructure: Water.
D
esde do sec XIX, com o aumento
da população nas cidades, que a
área impermeável veio a
aumentar proporcionalmente e a
impermeabilização das áreas tem um
grande impacto no equilíbrio hídrico do
sistema-terra. A paisagem mudou e
sofreu grandes transformações devido ao
crescimento urbano e não só se
impermeabilizou áreas diversas com
características
impróprias
para
impermeabilização como se escondeu e
encanou cursos de água que, por diversas
razões, estavam onde não eram
desejados.
«The treatment of stormwater runoff in
conventional urban development has
been driven by an attitude of “out of sight
out of mind”.» (2) Isto foi escrito por T.
Wong e por R. Brown e não podia ser
uma melhor descrição para a situação
actual. Desde que as ruas estejam bonitas
e funcionem, a população não se
interessa com o que acontece à água da
chuva, desde que não haja inundações.
Este problema de falta de sensibilidade
para o tratamento e gestão das diversas
águas (porque estamos só a falar de
águas pluviais, mas também há um geral
desinteresse pelas águas residuais) só é
perturbado
quando
interfere
directamente com as propriedades e com
o quotidiano da população.
Water consists of rain and stormwater, wastewater,
and domestic water. The overall goals of the blue
infrastructure are to improve water quality, reduce
reliance on water supply and wastewater
management systems, manage stormwater locally,
and reduce the district’s “water footprint”» (1)
Se o seculo XIX foi marcado pela
construção descontrolada globalmente, o
fim do seculo XX e início do século XXI
são retratados com preocupações e
iniciativas que procuram reencontrar o
equilíbrio perturbado anteriormente. Os
EUA e a Europa lideraram este confronto,
criando
as
LID
(Low
Impact
Development) e as SUDS (Sustainable
Urban Drainage Systems), mas foram
sucedidos por diversos países entre os
quais a Austrália, de onde surgiram
muitas propostas, sendo a primeira a
Water Sensitive Urban Design Guidelines
(WSUDG)
desenvolvida
sob
a
coordenação de vários ministérios do
governo
da
Austrália
Ocidental.
(3)
(Whelans et al.., 1994).
Water Sensitive Urban Design
(WSUD)
Quando se fala em Water Sensitive
Urban Design, pensa-se numa filosofia de
desenho e projecto que une os
conhecimentos
de
Arquitectura
Paiagista, Engenharia Hidráulica e de
Desenho Urbano numa tentativa de
utilizar as águas da chuva de uma forma
sustentável e inovadora.(2,3)
É
com
o
aparecimento
das
preocupações ambientais, que estes
9 de janeiro de 2017
1
projectos são lançados. Os projectos que
seguem uma filosofia WSUD são, sob
muitos aspectos inovadores e unem
diversos objectivos, sendo alguns deles
os seguintes: (2,3)
Reduzir o escoamento superficial
e as cheias através de retenção
local e diminuição das áreas
impermeáveis;
Minimizar os impactos das águas
urbanas no meio ambiente
envolvente, criando zonas de
tratamentos de águas;
Proteger a qualidade da água das
consequências
do
desenvolvimento urbano;
Integrar o tratamento de águas
pluviais
na
paisagem,
incorporando
corredores
multifuncionais que maximizem e
melhorem o conforto visual, de
recreio e a biodiversidade dos
novos espaços criados;
Proteger e melhorar os sistemas
naturais de água em ambientes
urbanos.
SUDS, LID e WSUD
São três filosofias e movimentos mais
ou menos contemporâneos, que surgiram
em prol da defesa do ambiente focandose especialmente no recurso escasso e
fundamental que é a água.
Sendo SUDS a sigla de Sustainable
Urban Drainage Systems, LID a de Low
Impact
Development
e
WSUD
significando Water Sensitive Urban
Design, é óbvia a relação entre estes três
movimentos: a preocupação ambiental
do tratamento das águas tanto pluviais
como residuais e o seu trato através do
desenho e planeamento. (4)
Estados Unidos da América e os WSUD
foram resposta da Oceânia, surgindo na
Austrália.(4–6)
Existem algumas medidas sugeridas
pelas três filosofias que são comuns e
demonstram o objectivo principal
defendido pelas três.
Armazenar
o
escoamento
superficial e libertação lenta da
água (dinâmica de atenuação)
Permitir que a chuva caia em
zonas permeáveis ou com
utilização da água para melhorar
a sua penetração no solo
(dinâmica de infiltração)
Transportar lentamente a água
filtrando poluentes, permitindo
que os sedimentos estabilizem,
para se poder controlar melhor o
fluxo de água (dinâmica de
purificação)
Estas medidas geram dinâmicas
essenciais, as quais chamaremos,
dinâmicas ecológicas, fundamentais para
o restauro e manutenção do fluxo,
quantidade e qualidade de água
(atenuação, infiltração e purificação).
Todas as acções e intervenções que
promovam uma ou mais destas
dinâmicas são incentivadas pelo WSUD
visto que são interacções naturais que
são prejudicadas pela acção humana
principalmente em meios urbanos
através da impermeabilização do solo e
da contaminação das águas diariamente.
A principal diferença entre estas três
filosofias reside apenas no continente
onde foram concebidas: As SUDS
surgiram na Europa, as LID na América
do Norte, mais concretamente, nos
9 de janeiro de 2017
2
Vantagens e Desvantagens
projectos WSUD
dos
Vantagens
Seria errado pensar que estes
movimentos só têm vantagens pois neste
caso as vantagens são bastante óbvias no
que toca a defender o ambiente e a
qualidade da paisagem. O restauro da
natureza e do equilíbrio é fundamental
para a qualidade de vida do ser humano
e dos restantes seres vivos, uma vez que
o mundo é um “grande ecossistema
fechado” no qual todos dependem de
todos. Por isto ninguém discute as
vantagens destas políticas ecológicas no
que toca a saúde e bem-estar.
Por alguma razão estas políticas têm
tido sucesso em todo o mundo e são
transcontinentais, mas em tudo há o
reverso da medalha, que neste caso são
também as razões para estas medidas e
estes projectos não serem sempre
implementados actualmente, porque se
só houvesse vantagens, não haveria
questão quanto à sua construção. Apesar
de haver cada vez mais projectistas com
estas preocupações, nem todos os
projectos são sustentáveis e isso
demonstra a alguma falta de adesão que
ainda há em relação a estas filosofias
ecológicas.
Desvantagens
Lateralmente está uma lista com
algumas vantagens e desvantagens que
foi encontrada em diversos autores:
Aplicações
Para além das medidas já apresentadas,
existem muitas outras que surgem no
confronto com cada projecto e com o
carácter de lugar do sítio que se está a
desenhar.
Existem muitos projectos e muitas
medidas que são exemplo para nós,
projectistas e para os investigadores,
mas cada projectista deve, como sempre,
adaptar os seus conhecimentos e
exemplos ao seu próprio projecto, em
função do clima e pluviosidade, do tipo
de solos, do regime de chuvas, dos
declives, da capacidade de carga e
funções esperadas para os diferentes
espaços do seu projecto.
Uma das medidas mais faladas para
aumentar a retenção e infiltração de água
nas cidades é a modelação dos canteiros
e separadores de faixas de forma a
permitir a fixação de água no seu interior
e minimizar o escoamento da água nas
vias. (Figura 1)
Outra medida muito utilizada é a
criação de bacias de retenção que
tenham a função também de tratamento
9 de janeiro de 2017
3
Figura 1- Corte-tipo de um separador de vias com vista à infiltração das águas das chuvas (Fonte: http://www.susdrain.org/)
fitossanitário das águas assegurando
assim duas importantes dinâmicas
ecológicas fundamentais: a infiltração e a
purificação da água.
A preocupação com estas chamadas
dinâmicas ecológicas fundamentais, é
essencial para o controlo da quantidade,
qualidade e velocidade da água
principalmente em meios urbanos.
Aplicações no mundo
Existem alguns países que, por diversas
razões, e em diferentes épocas, se foram
apercebendo da importância da água
para o mundo e para o ecossistema. John
Lyle, em “Waste as a resource” fala-nos
da cidade de Arcata, nos EUA, que,
devido ao facto de não ter economia
suficiente para construir uma ETAR de
dimensões apropriadas, construiu uma
“ETAR natural” que se pode reduzir a um
gigante leito de macrofitas que também
servia de bacia de infiltração aquando as
grandes chuvadas. Esta bacia de retenção
ainda hoje em dia é um local de turismo
devido à sua beleza e funcionalidade. Foi
dos primeiros projectos sustentáveis
com preocupações ecológicas e que
assegurou e recuperou a boa qualidade
da água que se usa na cidade.(7)
As ilhas de Malta, no Mar Mediterrânio,
estão neste momento, a ter que
responder a complexos problemas de
gestão de águas pluviais e de águas
subterrânias.
Malta tem uma grande escassez em
águas superficiais, tendo bastantes
aquíferos
que
estão,
devido
à
dessalinização, a contaminar a água
potável e a tornar precioso um recurso
cada vez mais escasso.
Segundo Cardona, há muitos estudos
ainda por fazer para poder melhorar esta
situação, mas uma das respostas mais
9 de janeiro de 2017
4
prováveis e eficientes passa pela
implementação destas técnicas
de
WSUD de forma a reter mais tempo a
água das chuvas longe do mar para não
ser contaminada e a impedir que a água
potável seja contaminada de outras
maneiras, seja por lixo doméstico, seja
por produtos químicos provenientes da
agricultura e da industria.(8)
Na maioria dos casos, as cidades têm
que investir em projectos que incluam
vários elementos que promovam as
dinâmicas ecológicas básicas para
manter e controlar a qualidade e
quantidade de água e há excelentes
exemplos modernos por todo o mundo:
Moor Park de David Singleton
É
um
projecto
extremamente
interessante orientado para o desenho
sustentável: “In a water sensitive design
approach, rain water is treated as na
opportunity rather than a ‘problem’”.
A filosofia de ver a água da chuva como
uma oportunidade e não um problema
permite ao projecto gerar dinâmicas e
criar espaços que se alimentam
directamente da interacção entre o ser
humano e a água tais como, bacias de
infiltração, microtopografia de retenção e
mesmo fitodepuração. (Figura 2)
O plano geral é pensado para que a
água que sai da área projectada, seja em
menor quantidade e melhor qualidade do
que a que entra. Se todos tiverem esta
preocupação, é mais fácil controlar
cheias e poluições.
Figura 2- Plano Geral do projecto "Moor Park" (Fonte: http://www.susdrain.org/)
9 de janeiro de 2017
5
Figura 3- Corte exemplicativo do projecto "Water Boulevards" (Fonte: http://waterboulevards.com/)
Water boulevards
Architecture
–
Baharash
É um projecto que, segundo os autores
pode ser instaurado em todas as cidades.
Este projecto foi desenhado para
responder a graves problemas de cheias
nos arredores de Londres. Segundo os
Autores, actualmente, há cerca de 680
000 propriedades à volta de Londres que
estão em risco de cheia que significa 5
milhões de pessoas e 2 milhões de
propriedades em toda a Inglaterra e País
de Gales.
Este projecto, como se vê na imagem,
procura utilizar as águas de cheia para
actividades diversas, desde actividades
lúdicas, até actividades económicas.
Constrói quase um jardim flutuante que
vive da dinâmica da água. (Figura 3)
(1–6,9–12,12–15)
1. Carstens L. Defining, inspiring, and
implementing sustainability. Natl Civ
Rev. Setembro de 2010;99(3):11–6.
2. Wong THF, Brown RR. The water
sensitive city: principles for practice.
Water Sci Technol. Julho de
2009;60(3):673.
3. Whelans
Consultants,
Western
Australia, Department of Planning and
Urban
Development,
Western
Australia, State Planning Commission,
Water Authority of Western Australia,
et al. Planning & management
guidelines for water sensitive urban
(residential) design: consultants report
prepared for the Department of
Planning and Urban Development, the
Water Authority of Western Australia
and the Environmental Protection
Authority. Mount Hawthorn, W.A.;
Perth, W.A.: Whelans ; [Distributed by]
State Planning Commission; 1994.
4. Lourenço RR de A. Sistemas urbanos
de drenagem sustentáveis [Internet].
9 de janeiro de 2017
6
2014 [citado 16 de Novembro de 2016].
Disponível
em:
http://comum.rcaap.pt/handle/10400.
26/14071
5. Rigotti JA, Reguly NP, Poleto C,
Pompêo
CA.
MÉTODOS
ALTERNATIVOS EM DRENAGEM
URBANA:
TERMINOLOGIA
E
IMPLICAÇÕES.
[citado 16
de
Novembro de 2016]; Disponível em:
http://files.reuniao-de-estudosambientais.webnode.com/20000021915537164b3/REA124%20%20Jucimara%20A%20Rigotti.pdf
6. Brown RR, Clarke JM. Transition to
water sensitive urban design: The story
of Melbourne, Australia [Internet]. Vol.
7. Facility for Advancing Water
Biofiltration,
Monash
University
Melbourne; 2007 [citado 16 de
Novembro de 2016]. Disponível em:
http://www.citg.tudelft.nl/fileadmin/F
aculteit/CiTG/Over_de_faculteit/Afdel
ingen/Afdeling_watermanagement/Sect
ies/waterhuishouding/Leerstoelen/Wat
erbeheer/onderzoek/Projects/Projecten
/Completed/OUD/020_SUW/020_da
tabase/090_sympo/doc/3_Presentation
_Rebekah_Brown.pdf
7. Beatley T. The Sustainable Urban
Development Reader. Psychology Press;
2004. 398 p.
11. Lloyd S, Wong THF, Chesterfield CJ,
Cooperative Research Centre for
Catchment Hydrology. Water sensitive
urban
design:
a
stormwater
management perspective. Clayton, Vic.:
CRC for Catchment Hydrology; 2002.
12. Sousa PJA de. Drenagem urbana
sustentável e o regime de precipitação
em Portugal [Internet]. 2014 [citado 16
de Novembro de 2016]. Disponível em:
http://run.unl.pt/handle/10362/1487
6
13. Edwards PET, Sutton-Grier AE, Coyle
GE. Investing in nature: Restoring
coastal habitat blue infrastructure and
green job creation. Mar Policy. Março
de 2013;38:65–71.
14. Wong THF, Engineers Australia,
editores. Australian runoff quality: a
guide to water sensitive urban design.
Crows Nest, N.S.W: Engineers Media;
2006. 1 p.
15. Wong THF. An Overview of Water
Sensitive Urban Design Practices in
Australia. Water Pract Technol
[Internet]. Março de 2006 [citado 16 de
Novembro de 2016];1(1). Disponível
em:
http://wpt.iwaponline.com/cgi/doi/10.
2166/wpt.2006018
8. BGS Report, single column layout Cardona.pdf [Internet]. [citado 8 de
Janeiro de 2017]. Disponível em:
http://gwadi.org/sites/gwadi.org/files/
Cardona.pdf
9. Stephan Barthel, Christian Isendahl.
Urban gardens, agriculture, and water
management: Sources of resilience for
long-term food security in cities. Ecol
Econ. Fevereiro de 2013;86:224–34.
10. No TPS, Policy DLP. Water Sensitive
Urban Design. 2007 [citado 16 de
Novembro de 2016]; Disponível em:
http://parramattariver.org.au/wpcontent/uploads/Mandurah-WSUDLPP2007.pdf
9 de janeiro de 2017
7
M. Leonor Gomes Ferreira- 20794 | Instituto Superior de Agronomia | Ordenamento do Território | Professor Pedro Arsénio
«Blue Infrastructure: Water.
D
esde do sec XIX, com o aumento
da população nas cidades, que a
área impermeável veio a
aumentar proporcionalmente e a
impermeabilização das áreas tem um
grande impacto no equilíbrio hídrico do
sistema-terra. A paisagem mudou e
sofreu grandes transformações devido ao
crescimento urbano e não só se
impermeabilizou áreas diversas com
características
impróprias
para
impermeabilização como se escondeu e
encanou cursos de água que, por diversas
razões, estavam onde não eram
desejados.
«The treatment of stormwater runoff in
conventional urban development has
been driven by an attitude of “out of sight
out of mind”.» (2) Isto foi escrito por T.
Wong e por R. Brown e não podia ser
uma melhor descrição para a situação
actual. Desde que as ruas estejam bonitas
e funcionem, a população não se
interessa com o que acontece à água da
chuva, desde que não haja inundações.
Este problema de falta de sensibilidade
para o tratamento e gestão das diversas
águas (porque estamos só a falar de
águas pluviais, mas também há um geral
desinteresse pelas águas residuais) só é
perturbado
quando
interfere
directamente com as propriedades e com
o quotidiano da população.
Water consists of rain and stormwater, wastewater,
and domestic water. The overall goals of the blue
infrastructure are to improve water quality, reduce
reliance on water supply and wastewater
management systems, manage stormwater locally,
and reduce the district’s “water footprint”» (1)
Se o seculo XIX foi marcado pela
construção descontrolada globalmente, o
fim do seculo XX e início do século XXI
são retratados com preocupações e
iniciativas que procuram reencontrar o
equilíbrio perturbado anteriormente. Os
EUA e a Europa lideraram este confronto,
criando
as
LID
(Low
Impact
Development) e as SUDS (Sustainable
Urban Drainage Systems), mas foram
sucedidos por diversos países entre os
quais a Austrália, de onde surgiram
muitas propostas, sendo a primeira a
Water Sensitive Urban Design Guidelines
(WSUDG)
desenvolvida
sob
a
coordenação de vários ministérios do
governo
da
Austrália
Ocidental.
(3)
(Whelans et al.., 1994).
Water Sensitive Urban Design
(WSUD)
Quando se fala em Water Sensitive
Urban Design, pensa-se numa filosofia de
desenho e projecto que une os
conhecimentos
de
Arquitectura
Paiagista, Engenharia Hidráulica e de
Desenho Urbano numa tentativa de
utilizar as águas da chuva de uma forma
sustentável e inovadora.(2,3)
É
com
o
aparecimento
das
preocupações ambientais, que estes
9 de janeiro de 2017
1
projectos são lançados. Os projectos que
seguem uma filosofia WSUD são, sob
muitos aspectos inovadores e unem
diversos objectivos, sendo alguns deles
os seguintes: (2,3)
Reduzir o escoamento superficial
e as cheias através de retenção
local e diminuição das áreas
impermeáveis;
Minimizar os impactos das águas
urbanas no meio ambiente
envolvente, criando zonas de
tratamentos de águas;
Proteger a qualidade da água das
consequências
do
desenvolvimento urbano;
Integrar o tratamento de águas
pluviais
na
paisagem,
incorporando
corredores
multifuncionais que maximizem e
melhorem o conforto visual, de
recreio e a biodiversidade dos
novos espaços criados;
Proteger e melhorar os sistemas
naturais de água em ambientes
urbanos.
SUDS, LID e WSUD
São três filosofias e movimentos mais
ou menos contemporâneos, que surgiram
em prol da defesa do ambiente focandose especialmente no recurso escasso e
fundamental que é a água.
Sendo SUDS a sigla de Sustainable
Urban Drainage Systems, LID a de Low
Impact
Development
e
WSUD
significando Water Sensitive Urban
Design, é óbvia a relação entre estes três
movimentos: a preocupação ambiental
do tratamento das águas tanto pluviais
como residuais e o seu trato através do
desenho e planeamento. (4)
Estados Unidos da América e os WSUD
foram resposta da Oceânia, surgindo na
Austrália.(4–6)
Existem algumas medidas sugeridas
pelas três filosofias que são comuns e
demonstram o objectivo principal
defendido pelas três.
Armazenar
o
escoamento
superficial e libertação lenta da
água (dinâmica de atenuação)
Permitir que a chuva caia em
zonas permeáveis ou com
utilização da água para melhorar
a sua penetração no solo
(dinâmica de infiltração)
Transportar lentamente a água
filtrando poluentes, permitindo
que os sedimentos estabilizem,
para se poder controlar melhor o
fluxo de água (dinâmica de
purificação)
Estas medidas geram dinâmicas
essenciais, as quais chamaremos,
dinâmicas ecológicas, fundamentais para
o restauro e manutenção do fluxo,
quantidade e qualidade de água
(atenuação, infiltração e purificação).
Todas as acções e intervenções que
promovam uma ou mais destas
dinâmicas são incentivadas pelo WSUD
visto que são interacções naturais que
são prejudicadas pela acção humana
principalmente em meios urbanos
através da impermeabilização do solo e
da contaminação das águas diariamente.
A principal diferença entre estas três
filosofias reside apenas no continente
onde foram concebidas: As SUDS
surgiram na Europa, as LID na América
do Norte, mais concretamente, nos
9 de janeiro de 2017
2
Vantagens e Desvantagens
projectos WSUD
dos
Vantagens
Seria errado pensar que estes
movimentos só têm vantagens pois neste
caso as vantagens são bastante óbvias no
que toca a defender o ambiente e a
qualidade da paisagem. O restauro da
natureza e do equilíbrio é fundamental
para a qualidade de vida do ser humano
e dos restantes seres vivos, uma vez que
o mundo é um “grande ecossistema
fechado” no qual todos dependem de
todos. Por isto ninguém discute as
vantagens destas políticas ecológicas no
que toca a saúde e bem-estar.
Por alguma razão estas políticas têm
tido sucesso em todo o mundo e são
transcontinentais, mas em tudo há o
reverso da medalha, que neste caso são
também as razões para estas medidas e
estes projectos não serem sempre
implementados actualmente, porque se
só houvesse vantagens, não haveria
questão quanto à sua construção. Apesar
de haver cada vez mais projectistas com
estas preocupações, nem todos os
projectos são sustentáveis e isso
demonstra a alguma falta de adesão que
ainda há em relação a estas filosofias
ecológicas.
Desvantagens
Lateralmente está uma lista com
algumas vantagens e desvantagens que
foi encontrada em diversos autores:
Aplicações
Para além das medidas já apresentadas,
existem muitas outras que surgem no
confronto com cada projecto e com o
carácter de lugar do sítio que se está a
desenhar.
Existem muitos projectos e muitas
medidas que são exemplo para nós,
projectistas e para os investigadores,
mas cada projectista deve, como sempre,
adaptar os seus conhecimentos e
exemplos ao seu próprio projecto, em
função do clima e pluviosidade, do tipo
de solos, do regime de chuvas, dos
declives, da capacidade de carga e
funções esperadas para os diferentes
espaços do seu projecto.
Uma das medidas mais faladas para
aumentar a retenção e infiltração de água
nas cidades é a modelação dos canteiros
e separadores de faixas de forma a
permitir a fixação de água no seu interior
e minimizar o escoamento da água nas
vias. (Figura 1)
Outra medida muito utilizada é a
criação de bacias de retenção que
tenham a função também de tratamento
9 de janeiro de 2017
3
Figura 1- Corte-tipo de um separador de vias com vista à infiltração das águas das chuvas (Fonte: http://www.susdrain.org/)
fitossanitário das águas assegurando
assim duas importantes dinâmicas
ecológicas fundamentais: a infiltração e a
purificação da água.
A preocupação com estas chamadas
dinâmicas ecológicas fundamentais, é
essencial para o controlo da quantidade,
qualidade e velocidade da água
principalmente em meios urbanos.
Aplicações no mundo
Existem alguns países que, por diversas
razões, e em diferentes épocas, se foram
apercebendo da importância da água
para o mundo e para o ecossistema. John
Lyle, em “Waste as a resource” fala-nos
da cidade de Arcata, nos EUA, que,
devido ao facto de não ter economia
suficiente para construir uma ETAR de
dimensões apropriadas, construiu uma
“ETAR natural” que se pode reduzir a um
gigante leito de macrofitas que também
servia de bacia de infiltração aquando as
grandes chuvadas. Esta bacia de retenção
ainda hoje em dia é um local de turismo
devido à sua beleza e funcionalidade. Foi
dos primeiros projectos sustentáveis
com preocupações ecológicas e que
assegurou e recuperou a boa qualidade
da água que se usa na cidade.(7)
As ilhas de Malta, no Mar Mediterrânio,
estão neste momento, a ter que
responder a complexos problemas de
gestão de águas pluviais e de águas
subterrânias.
Malta tem uma grande escassez em
águas superficiais, tendo bastantes
aquíferos
que
estão,
devido
à
dessalinização, a contaminar a água
potável e a tornar precioso um recurso
cada vez mais escasso.
Segundo Cardona, há muitos estudos
ainda por fazer para poder melhorar esta
situação, mas uma das respostas mais
9 de janeiro de 2017
4
prováveis e eficientes passa pela
implementação destas técnicas
de
WSUD de forma a reter mais tempo a
água das chuvas longe do mar para não
ser contaminada e a impedir que a água
potável seja contaminada de outras
maneiras, seja por lixo doméstico, seja
por produtos químicos provenientes da
agricultura e da industria.(8)
Na maioria dos casos, as cidades têm
que investir em projectos que incluam
vários elementos que promovam as
dinâmicas ecológicas básicas para
manter e controlar a qualidade e
quantidade de água e há excelentes
exemplos modernos por todo o mundo:
Moor Park de David Singleton
É
um
projecto
extremamente
interessante orientado para o desenho
sustentável: “In a water sensitive design
approach, rain water is treated as na
opportunity rather than a ‘problem’”.
A filosofia de ver a água da chuva como
uma oportunidade e não um problema
permite ao projecto gerar dinâmicas e
criar espaços que se alimentam
directamente da interacção entre o ser
humano e a água tais como, bacias de
infiltração, microtopografia de retenção e
mesmo fitodepuração. (Figura 2)
O plano geral é pensado para que a
água que sai da área projectada, seja em
menor quantidade e melhor qualidade do
que a que entra. Se todos tiverem esta
preocupação, é mais fácil controlar
cheias e poluições.
Figura 2- Plano Geral do projecto "Moor Park" (Fonte: http://www.susdrain.org/)
9 de janeiro de 2017
5
Figura 3- Corte exemplicativo do projecto "Water Boulevards" (Fonte: http://waterboulevards.com/)
Water boulevards
Architecture
–
Baharash
É um projecto que, segundo os autores
pode ser instaurado em todas as cidades.
Este projecto foi desenhado para
responder a graves problemas de cheias
nos arredores de Londres. Segundo os
Autores, actualmente, há cerca de 680
000 propriedades à volta de Londres que
estão em risco de cheia que significa 5
milhões de pessoas e 2 milhões de
propriedades em toda a Inglaterra e País
de Gales.
Este projecto, como se vê na imagem,
procura utilizar as águas de cheia para
actividades diversas, desde actividades
lúdicas, até actividades económicas.
Constrói quase um jardim flutuante que
vive da dinâmica da água. (Figura 3)
(1–6,9–12,12–15)
1. Carstens L. Defining, inspiring, and
implementing sustainability. Natl Civ
Rev. Setembro de 2010;99(3):11–6.
2. Wong THF, Brown RR. The water
sensitive city: principles for practice.
Water Sci Technol. Julho de
2009;60(3):673.
3. Whelans
Consultants,
Western
Australia, Department of Planning and
Urban
Development,
Western
Australia, State Planning Commission,
Water Authority of Western Australia,
et al. Planning & management
guidelines for water sensitive urban
(residential) design: consultants report
prepared for the Department of
Planning and Urban Development, the
Water Authority of Western Australia
and the Environmental Protection
Authority. Mount Hawthorn, W.A.;
Perth, W.A.: Whelans ; [Distributed by]
State Planning Commission; 1994.
4. Lourenço RR de A. Sistemas urbanos
de drenagem sustentáveis [Internet].
9 de janeiro de 2017
6
2014 [citado 16 de Novembro de 2016].
Disponível
em:
http://comum.rcaap.pt/handle/10400.
26/14071
5. Rigotti JA, Reguly NP, Poleto C,
Pompêo
CA.
MÉTODOS
ALTERNATIVOS EM DRENAGEM
URBANA:
TERMINOLOGIA
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