Common bean grain yield in response to r

RENDIMENTO DE GRÃOS EM RESPOSTA À INOCULAÇÃO E APLICAÇÃO
VIA FOLIAR DE CÁLCIO E BORO NO FEIJOEIRO.
Rhuanito Soranz Ferrarezi1, Julio Cesar Pires Santos 2, Osmar Klauberg Filho2 e Eraldo
Cruz da Mota3.
INTRODUÇÃO
O feijão é uma leguminosa bastante difundida em todo território nacional. Para
Santa Catarina, estado com estrutura fundiária baseada em minifúndios, o feijão tem sido
historicamente uma cultura de pequenos produtores, tendo assumido um importante
papel na economia agrícola e, portanto, é um fator de destaque na manutenção do
homem no campo.
Na atualidade, a combinação do aumento da área cultivada e produtividade está
trazendo como conseqüência uma estabilização dos preços obtidos pelo produto, em
valores que exigem do produtor maiores produtividades para manter a viabilidade
econômica da atividade. Como a maior parte dos produtores de feijão tem limitada
disponibilidade de recursos, é necessário que a pesquisa disponibilize aos produtores
técnicas que possibilitem aumentos de produtividade, com pouca ou nenhuma
repercussão nos custos (ZAGO, 2001).
Neste contexto, o aproveitamento da fixação biológica de N no feijoeiro tem se
constituído numa alternativa viável para melhorar a produtividade e reduzir os custos de
produção. HUNGRIA (1997) constatou que, com a utilização de variedades e estirpes
mais adequadas e com condições ambientais favoráveis, o feijoeiro nodulado pode

acumular nitrogênio nos tecidos em quantidades comparáveis às das plantas recebendo
nitrogênio mineral, podendo alcançar produtividade de até 2.500 kg/ha em solos com
baixos teores de matéria orgânica.
Este projeto propõe-se a avaliar o efeito da inoculação com Rhizobium tropici e do
uso de cálcio e boro sobre a produção de grãos e acúmulo de P, Ca, Mg, Fe e proteínas
nos grãos nas variedades FT-Nobre e Pérola.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido em área experimental localizada no município de Capão
Alto, Planalto Sul Catarinense, no ano agrícola de 2000/2001.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, num esquema
fatorial 2x2x2, com 8 repetições, onde se testaram 2 níveis de inoculação (sem e com),
dois níveis de Cálcio + Boro (sem e com) e duas variedades (Pérola e FT Nobre).
A adubação do experimento foi efetuada conforme a recomendação da Rede
Oficial de Laboratórios de Análises de Solos do RS e SC (ROLAS, 1997).
As parcelas foram constituídas por cinco linhas de 4 metros de comprimento, com
espaçamento entre linhas de 50 cm, considerando-se os 3 m centrais das 3 linhas internas
como área útil. O cálcio e o boro foram aplicados via foliar através de um produto
comercial com 111,2 e 27,8 g/l, respectivamente, na dosagem de 3 litros/ha. A aplicação
foi realizada por ocasião do início do florescimento das plantas (estádio R6). Na
1


Bolsista de Iniciação Científica do CNPq, Aluno do Curso de Agronomia do CAV/UDESC. E-mail: [email protected]
Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor do CAV/UDESC. Caixa Postal 281, CEP 88.520-000, Lages, SC. E-mail para correspondência:
[email protected]
3
Aluno do Curso de Agronomia do CAV/UDESC.
2

inoculação do rizóbio foi utilizado inoculante fornecido pela FEPAGRO/RS, produzido
com turfa esterilizada por radiação gama, com as estirpes SEMIA 4077 e 4080
(Rhizobium tropici).
O peso de grãos foi obtido através da pesagem de 1000 sementes. O volume de
grãos foi obtido através da colocação de 1000 sementes em uma proveta calibrada, com
quantidade conhecida de água e álcool (10 %), calculando-se o valor pela diferença entre
o volume adicionado e o volume conhecido.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e a teste de
comparação de médias.
I. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A variedade Pérola apresentou maior número de hastes por planta, devido à
característica varietal (Tabela 1). O número de vagens com três sementes ou menos por

planta também foi maior nesta variedade e, detectou-se interação entre os fatores
inoculação e variedade para esta variável avaliada, tendo a inoculação reduzido nas duas
variedades o número de vagens com três ou menos sementes (Tabela 1 e Gráfico 1). Este
resultado é um bom indicativo para a continuidade dos estudos, visto que a área onde o
experimento foi instalado nunca recebera as estirpes de Rhizobium, e muitos trabalhos
têm mostrado que a resposta à inoculação no primeiro ano pode ser muito limitada pelas
estirpes nativas do solo, que apresentam menor eficiência fixadora (Hungria, 1997).
O número de vagens com 4 sementes não foi influenciado por nenhum dos
fatores testados, mas a variedade FT-Nobre apresentou maior número de vagens com
mais de 4 sementes (Tabela 1).
Mesmo com as diferenças verificadas nas variáveis acima comentadas, o número
total de vagens e de sementes por planta não foi diferente para todos os tratamentos
testados (Tabela 1). A variedade Pérola apresentou os maiores valores para peso e
volume de grãos, motivo pelo qual, mesmo com maior número de vagens com três ou
menos grãos por planta, apresentou os maiores rendimentos de grãos por parcela (Tabela
2 e Gráfico 2).
A variedade FT-Nobre alcançou maiores teores de Proteína Total e Fósforo nos
grãos que a Pérola, não se verificando influência dos fatores inoculação e Cálcio + Boro
(Tabela 3). Os valores obtidos para Proteína Total (15,9 a 21,2 %) estão dentro da
variação verificada em outros trabalhos com genótipos brasileiros de feijão (Santos,

1998; Berton et al., 2000).
Inoculação e variedade apresentaram efeito significativo sobre os teores de
Cálcio nos grãos, e não se verificou efeito da aplicação de Cálcio + Boro. Os
tratamentos que receberam inoculação alcançaram teores maiores de Cálcio acumulados
nos grãos (Tabela 3). Os resultados aqui apresentados que detectam o efeito de
variedade sobre teor de Cálcio, corroboram inúmeros estudos que relatam correlação
negativa entre Cálcio acumulado e tamanho de grão (Kaschuk et al., 2000; Berton Jr. et
al., 2000), uma vez que a variedade Pérola, que teve maior peso e volume de grãos,
apresentou menores teores de Cálcio acumulados.
II. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos sugerem a necessidade de continuar o projeto na mesma
área para nova avaliação, para permitir uma melhor expressão da associação
Rhizobium/leguminosa na nutrição e rendimento de grãos do feijoeiro.

III. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERTON JR, J. F.; SANTOS, J. C. P.; KLAUBERG FILHO, O.; FERRAREZI, R. S.;
KASCHUK, G. Rendimento de grãos, acúmulo de nutrientes e avaliação sensorial
de variedades comerciais e acessos crioulos de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). In:
Biodinâmica do Solo, FERTIBIO 2000. Santa Maria-RS. UFSM. Resumos
Expandidos, 2000. (CD ROM).

COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO RS/SC. Recomendações de adubação e
calagem para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 3. ed. 3a
Reimpressão. Passo Fundo. SBCS – Núcleo Regional Sul. 1997.
HUNGRIA; M.; VARGAS; M.; ARAÚJO; R. Fixação biológica de nitrogênio em
feijoeiro. Brasília: EMBRAPA. p. 189-294. 1997.
KASCHUK, G.; SANTOS, J. C. P.; MORAES, J.; ENDER, M.; FERRAREZI, R. S.;
Caracterização de alguns parâmetros de qualidade nutricional de acessos crioulos de
feijoeiro cultivados no estado de Santa Catarina. In: Biodinâmica do Solo,
FERTIBIO 2000. Santa Maria-RS. UFSM. Resumos Expandidos, 2000. (CD
ROM).
SANTOS, J. C. P. Estado nutricional de plantas de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.)
e teores de nutrientes e fitatos nos grãos. Piracicaba, 1998. 92p. Tese
(Doutorado). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queirós”, Universidade de
São Paulo.
ZAGO, JANE C. M. Efeitos do Molibdênio e do Zinco aplicados via foliar e da
inoculação com Rhizobium tropici no rendimento e qualidade nutricional de
grãos de feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). Dissertação de Mestrado. Universidade
do Estado de Santa Catarina. 2001. 67 p.

Tabela 1: Efeito da inoculação e aplicação de Ca e B sobre componentes do rendimento

das variedades Pérola e FT-Nobre. Média de 8 repetições. Lages, SC.
2000/2001
Tratamentos
No de
No de vagens/planta
No Total
hastes < 3 sementes 4 sementes > 4 sementes de Vagens
Pérola - Testemunha
3,2 a
4,2 a
2,8 a
11,1 b
18,1 ns
FT Nobre - Testemunha
2,7 b
2,0 b
2,5 a
12,2 a
16,7
Pérola - Inoculado

3,3 a
2,8 a
2,2 a
10,6 b
15,6
FT Nobre - Inoculado
3,0 b
2,5 b
2,7 a
14,0 a
19,2

Pérola - CaB
FT Nobre - CaB
Pérola - Inoculado, CaB
FT Nobre - Inoculado, CaB

3,4
2,9
3,1

2,7

a
b
a
b

2,9
2,0
2,7
2,0

a
b
a
b

1,9
1,7
1,9

1,6

b
b
b
b

11,5
12,8
11,2
11,2

b
a
b
b

16,2
16,5
15,8

14,8

Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente no intervalo de confiança de 95% pelo teste de comparações de médias de Duncan.
CV No de hastes = 23,476%; CV No vagens/planta < 3 sementes = 36,133 %; CV No vagens/planta com 4 sementes = 36,715 %; CV N o vagens/planta > 4
sementes = 23,680 %; CV No Total de Vagens = 21,490 %

Tabela 2: Efeito da inoculação e aplicação de Ca e B sobre o rendimento de grãos por
parcela, peso e volume de 1000 sementes das variedades Pérola e FT-Nobre.
Média de 8 repetições. Lages, SC. 2000/2001.
Tratamentos
Produtividade por Peso de 1000 Volume de 1000
Parcela (g)
Sementes (g) Sementes (ml)
Pérola - Testemunha
1635,4 a
293,4 a
243,8 a
FT Nobre - Testemunha
858,1 b
181,9 b

153,1 b
Pérola - Inoculado
1380,9 a
300,6 a
247,5 a
FT Nobre - Inoculado
913,3 b
181,7 b
155,6 b
Pérola - CaB
1631,8 a
299,7 a
246,3 a
FT Nobre - CaB
836,1 b
177,5 b
150,6 b
Pérola - Inoculado, CaB
1644,9 a
288,2 a
236,3 a
FT Nobre - Inoculado, CaB
877,9 b
188,5 b
156,3 b
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente no intervalo de confiança de 95% pelo teste de comparações de médias de Duncan.
CV Produtividade por Parcela = 13,501 %; CV Peso de 1000 Sementes = 6,249 %; CV Volume de 1000 Sementes = 6,689 %

Tabela 3: Efeito da Inoculação e aplicação de Ca e B sobre o acúmulo de nutrientes das
variedades Pérola e FT-Nobre. Média de 8 repetições. Lages, SC. 2000/2001.
Tratamentos
Acúmulo de nutrientes
Proteína
P
Ca
Mg
Fe
-1
(%)
---------------------- (mg kg )
---------------------Pérola - Testemunha
15,9 b
5760,4 b 1684,4 b 2098,4 b
87,5 b
FT Nobre - Testemunha
19,6 a
7211,8 b 1548,8 b 2207,6 b 119,7 a
Pérola - Inoculado
17,7 b
5519,5 b 1996,6 a 2478,2 a
81,2 b
FT Nobre - Inoculado
21,2 a
6665,7 b 1832,8 a 2506,2 a 121,5 a
Pérola - CaB
17,8 b
6015,8 a 1766,5 b 2253,6 b
77,7 b
FT Nobre - CaB
19,0 a
7230,5 a 1601,7 b 2221,8 b 121,1 a
Pérola - Inoculado, CaB
16,0 b
5943,1 a 1962,5 a 2650,4 a 113,7 b
FT Nobre - Inoculado, CaB 19,6 a
7234,6 a 1773,1 a 2537,7 a 164,6 a
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente no intervalo de confiança de 95% pelo teste de comparações de médias de Duncan.
CV Proteína = 14,044 %; CV Fósforo = 7,851 %; CV Cálcio = 8,478 %; CV Magnésio = 16,592 %; CV Ferro = 22,417 %

No de vagens com menos de 3 sementes por planta

5 a
P
ér-o
lo
abre
4
F
T
N
ab a a
3
b b
2 b
1
0 T
estem
unhaInoculação C
I
n
o
c
u
l
a
ç
ã
o
a
B
+
C
a
B
T
ratam
en
to
s

Rendimento de Grãos por parcela (g)

Gráfico 1 - Efeito da Inoculação sobre o número de vagens com menos de 3 sementes.
Médias de 8 repetições. Lages, SC. 2000/2001.

200 a a a
a
150
b
b
b
P
ér-o
lo
abre
b
100
F
T
N
50
0T
estem
unhaInoculação C
aBI+
no
cau
lação
C
B

T
ratam
en
to
s

Gráfico 2 - Rendimento de grãos por parcela de duas variedades de feijoeiro submetidas
à inoculação e aplicação foliar de cálcio e boro. Média de 8 repetições.
Lages, SC. 2000/2001.

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