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Antropologia visual
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(Redirecionado de Antropologia da imagem)

A Antropologia visual (por vezes designada Antropologia da
imagem ou Antropologia visual e da imagem) é um ramo da antropologia cultural,
aplicada ao estudo e produção de imagens, nas áreas da fotografia, do cinema ou,
desde os meados dos anos 1990, nos novos ‘’media’’ utilizados em etnografia.
A antropologia cultural (ver artigo em inglês), a par da antropologia física (estudo do
Homem biológico e da sua evolução - ver artigo em inglês), é uma subdivisão
da antropologia, enquanto ciência geral do Homem. É, simultaneamente, uma reflexão
sobre a utilização das novas tecnologias da imagem, com efeitos semelhantes aos que
foram causados pelos processos de gravação e reprodução fonográfica
na etnomusicologia.
Envolve também o conceito o estudo antropológico da representação visual[1] , no ritual,
no espetáculo, no museu, na arte ou na produção ou receção dos meios de
comunicação de massa, os media (ver em inglês artigo sobre esta matéria). Aplica-se a
designação para exprimir a ideia de observação do real pela imagem, tida como mais
“fiel” do que a palavra ou o discurso (ver sobre este tema ensaios (A Linha do Olhar)
de Ricardo Costa, ou como prova objectiva de determinado evento ou realidade.
No fundo, o conceito de antropologia visual, embora se restrinja às aplicações que se

usam nos métodos da ciência, no sentido lato é uma questão central que surgiu desde
que o Homem é homem : no momento em que resolveu representar-se a si próprio pela
imagem.

Bronisław Malinowski nas Ilhas Trobriand

Índice
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Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]
Podemos considerar como precursores da antropologia visual Walter Baldwin
Spencer e Rudolf Poch [2] , (Rony [3] , 1966), que pela primeira vez utilizaram a máquina
de filmar nas suas expedições, retratando os hábitos de aborígenes para a criação de
arquivos na Alemanha e que logo se aperceberam das distorções de comportamento

das pessoas representadas, distorções essas derivadas da simples presença e uso
dessa ferramenta, a câmara.
Cultivam a antropologia visual, cada um a seu modo, Robert Flaherty (cineasta e não
cientista, mas inspirador do movimento), Margaret Mead, Gregory Bateson (Trance and
Dance in Bali) (artigo em inglês), Marcel Griaulle (artigo em inglês), Germaine
Dietrerlen (artigo em francês), Jean Rouch, este numa perspectiva menos convencional,
misturando documentário e ficção em muitas das obras etno-cinematográficas que
realiza, abrindo novas portas à pesquisa antropológica e à modernidade do
cinema. [4] Há imagens (sempre as houve) em que o real se transfigura em arte, ao pôr a
nu a beleza da verdade.
Marcel Mauss (1872 - 1950), no seu Manual de Etnografia (1947)

[5]

, refere o uso da

fotografia entre os métodos de observação no trabalho de campo. Destaca o valor da
fotografia aérea, como auxiliar da cartografia e o recurso à teleobjetivapara se evitar o
efeito de pose (a postura artificial da pessoa fotografada). Recomenda também o uso da
documentação fotográfica para registo de objetos com interesse etnográfico e evita o

uso excessivo de imagens fotográficas sem registo detalhado (hora, local, distância, etc.)
e sem que sejam descritas as circunstâncias da utilização de tais objetos. Insiste sobre a
necessidade de comentar cada foto e de as incluir num diário de campo. Nessa
perspectiva, merece ser destacada a qualidade dos registos e anotações de Bronisław
Malinowski (1884 - 1942) no trabalho de pesquisa que fez sobre os nativos dos
arquipélagos da Nova Guiné e Melanésia.
Cabe aos antropólogos destacar as contribuições de real valor etnográfico dentro da
profusão de imagens de nossa época, perante os desenvolvimentos dos novos meios de
comunicação [6] [7] [8] tal como deverão fazer, por exemplo, na análise do trabalho
resultante das expedições de pintores e desenhadores naturalistas, tais como John
Webber ( 1751- 1793 ), Jean-Baptiste Debret (1768 – 1848), Rugendas (1802 - 1858). A
propósito desses documentaristas historiadores disse Etienne Samain o seguinte: " (...)
sabemos, antes de mais, que abundam investigadores sem formação antropológica
consistente que todavia se lançam, de corpo e alma, na aventura visual antropológica,
equipados com toda a tralha audiovisual. São empreendimentos generosos, é claro, mas
logo nos decepcionam, ou porque tais investigadores não sabem discernir
suficientemente bem o que vislumbram, ou porque se excedem na economia da
complexidade dos factos antropológicos que pretendem registar" [9] [10] [11]

Antropologia visual no Brasil[editar | editar código-fonte]

Fundamentos
No Brasil[12] , entre os precursores desta ciência, não podemos deixar de apreciar a
beleza e perfeição técnica da obra de Marc Ferrez (1843 - 1923) e, mais recentemente,
do também franco-brasileiro Pierre Verger (1902 - 1996).
O primeiro era filho dos franceses Alexandrine Caroline Chevalier e de Zéphyrin Ferrez,
gravador de medalhas e escultor, membro da Missão Artística Francesa, homónimo do
tio e escultor Marc Ferrez, participante nessa mesma missão, que retratou cenas dos
períodos do Império e início da República do Brasil, entre 1865 e 1918. Poderia ser
considerado um pioneiro da Antropologia Visual brasileira. Não sendo essa a sua
vocação, por influência da sua época. Naturalista, historiador e, mais que tudo fotógrafo,
deixou um legado sobre a vida urbana, rural e selvagem do Brasil, que nos obriga a uma
reflexão sobre a antropologia e a história. Destaca-se no trabalho que fez a identificação
das etnias formadoras, do processo histórico da colonização e, por força de sua inserção
social enquanto documentarista do governo, a sua aptidão em captar o progresso e o
avanço tecnológico de seu país.
O francês Pierre Verger (Pierre Edouard Leopold Verger), fotógrafo e
etnólogo autodidata, fascinado pelo Brasil, adoptou o nome religioso de
Pierre Fatumbi Verger por se considerar um babalawo (sacerdote Yoruba) e dedicou
grande parte da sua obra, ainda mal conhecida, ao estudo da cultura e religiosidade
negra do Brasil e da África Ocidental, tornando-se uma referência na antropologia

visual. [13] Tal estatuto não o priva todavia de críticas pertinentes de antropólogos que
reclamam seriedade na análise científica, gerando controvérsia. Esta circunstância
enriquecerá porventura a própria ciência. [14] [15] [16]